segunda-feira, 9 de maio de 2016

Há sangue na relva

É domingo, é festa
As mães são lembradas
A poesia está pendurada na praça
pra criança brincar
Os tambores ressoam 
E ao Estádio vai uma multidão
de encarnados e anis
E ao Estádio vai uma multidão
E é gol
E é campeão
No Estádio uma multidão
Da multidão saltam coisas
Das coisas saltam monstros
Anis e encarnados agora roxos
Corpos tombam escangalhados
Há sangue na relva
Algumas mães são chamadas
É domingo, que resta?
(Ricardo Cabús)

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Tou voltando

sexta-feira, 17 de abril de 2015

6° Aniversário do Papel no Varal comemora mais um outono desfolhando poesia

O Instituto Lumeeiro vem convidar a todos para comemorar seis anos de poesia pendurada no sisal. Próximo dia 29, quarta-feira, no Orákulo Chopperia, o Papel no Varal vai celebrar mais um aniversário junto aos artistas e ao público que fazem parte dessa história de contemplação e disseminação da literatura.
Desfolhando poesia em Maceió, o Papel no Varal nasceu na brisa do outono e, desta festa, pode-se esperar que bons ventos tragam uma seleção especial de poemas – que contemplará tanto os textos mais lidos durante a história do projeto quanto textos nunca antes expostos. Ricardo Cabús, com sua alegria contagiante, comandará o palco com a promessa de muitas leituras poéticas, músicas e brincadeiras. O varal, ícone fundamental da festa, terá poetas como Manuel Bandeira, Florbela Espanca e Jorge de Lima. Os leitores poderão contemplar versos como os de Cecília Meireles: “Eu canto porque o instante existe/ e a minha vida está completa./ Não sou alegre nem sou triste:/ sou poeta...”.
As atrações musicais serão um espetáculo à parte. Entre uma leitura e outra, alguns artistas que passaram pelo palco do Papel no Varal darão ao público o prazer de uma participação especial: cada um cantará uma música em homenagem aos seis anos do projeto. Também haverá leituras de atores convidados que sempre se fizeram presentes.
Durante o evento, acontecerá o lançamento do Amigo do Papel no Varal, um programa de “sócio-torcedor” da poesia, que surge com a ideia de maior aproximação e incentivo do público ao Papel no Varal.
O 6° Aniversário do Papel no Varal tem vagas limitadas e os interessados podem adquirir gratuitamente o ingresso nas farmácias Ao Pharmacêutico a partir do dia 15 de abril. O evento promete um encontro de antigos e novos amigos para celebrar mais um ano de existência com muita alegria e, claro, poesia.

O Papel no Varal
O projeto, iniciado em 2009, leva a poesia ao grande público. Num varal de sisal, 100 poemas de autores de todos os tempos e de todos os cantos são dispostos para que as pessoas escolham e leiam. Duas orientações devem ser seguidas: não trazer de casa, nem ler o próprio poema. A curadoria fica por conta de Ricardo Cabús e a pré-seleção passa pelo conselho editorial do Instituto Lumeeiro.

Serviço
6° Aniversário do Papel no Varal
Data: 29 de abril de 2015 (quarta-feira)
Horário: 20h
Local: Orákulo Chopperia
Ingressos gratuitos antecipados: Farmácias Ao Pharmacêutico    
Apresentação e curadoria: Ricardo Cabús
Participações musicais: Músicos que fazem parte da história do Papel no Varal
Classificação etária: 14 anos
Promoção: Instituto Lumeeiro
Informações: (82) 8135-5920 / (82) 8135-5990
www.facebook.com/institutolumeeiro
www.facebook.com/papelnovaral
Twitter: @lumeeiro e @papelnovaral
Instagram: Lumeeiro
Patrocínio/Apoio: Ao Pharmacêutico, Adufal, Gama Engenharia de Recursos Hídricos, UFAL, IZP, Armazém Guimarães, Bodega do Sertão, Cachaça Engenho Nunes.


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Varal das Arábias: da poesia aos desejos

O Instituto Lumeeiro pela sexta vez transforma a noite alagoana em um espaço onde o erotismo faz a poesia dialogar com as mais diversas artes
(Ascom Lumeeiro, 11/2/2015)





Noite quente e ambiente à meia luz: assim começou o VI Sarau Erótico-Carnavalesco “Varal das Arábias”. Pontualmente às oito e trinta da noite surgia, entre luzes e fumaças, o xeique nordestino Ricardo Cabús em um tapete mágico. O anfitrião abriu a noite com um clássico poema de Bráulio Tavares. Este foi o estopim para que o público incorporasse o espírito de diversão da festa e não deixasse, por um instante sequer, o palco vazio.



A curadoria do varal foi bastante eclética, oferecendo aos presentes versos de Drummond, Xexéu Beleléu, Castro Alves, Marcos de Farias Costa, entre outros. A cada poema lido, aplausos e os já tradicionais picolés Fika Frio. Houve leitura para todos os gostos, das tímidas às fogosas. Mas a participação do público foi além da declamação das poesias: fantasias e entusiasmo abrilhantaram a noite.

Eliana Kefalás (foto: Brenda Andrade) 

O maestro Almir Medeiros fez uma participação para lá de especial e presenteou a todos, entre um bloco e outro de poemas, com uma viagem pela história das músicas carnavalescas alagoanas. Outra presença forte no repertório musical foi o Dj Finizola, que não deixou o clima esfriar com sua seleção de músicas árabes a marchinhas.

A exposição de arte deste ano, assinada por Pedro Cabral, mexeu com o imaginário de todos ao explicitar cenas quentes em doze pontos conhecidos da grande Maceió.
O Xeique e a Odalisca (Foto: Lícia Peixoto)

Chegando ao fim do espetáculo, havia uma lamparina no meio do caminho e no meio da lamparina havia um gênio. Zé Márcio Passos realizou três desejos do xeique nordestino, incorporado por Ricardo Cabús. Primeiro, tirou a burca da assistente de palco e transformou-a em uma bela odalisca de palavras sensuais recitando o poema “Pupila”. Depois, trouxe uma dançarina envolta em sete véus que se desnudou, terminando sua dança com raras medalhas no corpo. Por fim, sem outras escolhas, cedeu à ideia de um teleférico ligando os pontos turísticos de Maceió... 

Assim, o VI Sarau erótico-Carnavalesco do Papel no Varal cumpriu sua promessa e fez com que a cabeça dos presentes até pudesse estar nas Arábias, mas os olhos, certamente, estavam em Maceió.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Hoje tem sarau erótico-carnavalesco

É hoje, 11 de fevereiro de 2015, VI Papel no Varal Erótico-Carnavalesco, no Orákulo, a partir das 20h, como o tema "Varal das Arábias". Todos os ensaios já foram feitos e deveremos ter uma noite repleta de poesia, música, artes visuais, erotismo, humor e muitas surpresas.

A principal atração, como sempre, será a poesia. Desta vez as palavras bebem no erótico, como nos versos de Castro Alves:

Quero um beijo sem fim,
Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!
Ferve-me o sangue.
Acalma-o com teu beijo,
Beija-me assim!

Serão 100 poemas pendurados no varal para a livre escolha dos presentes, que poderão subir e dizer para a plateia. 

No diálogo com as artes visuais, teremos a exposição 12 Estações de Eros, assinada por Doquinha, indicado pelo artista Pedro Cabral. 

No intervalo musical, o show fica por conta do maestro Almir Medeiros (sax), acompanhado por Siqueira (Trompete), Gancho (Violão), Mikla (pandeiro) e Neto (voz), que trarão o melhor da música alagoana de carnaval de todos os tempos através de criações de Edécio Lopes (Cidade Sorriso, Lembre de mim), Jucá Santos (Evocação de Alagoas), Roberto Becker (De bandinha), Florival Ferreira (Morena Açucarada), dentre outros. 

No palco, eu estarei conduzindo o sarau ao lado do DJ Finizola, que trará um repertório do árabe ao regional, antes, durante e depois das leituras poéticas. 

Embora não seja obrigatório, caprichar na fantasia pode significar prêmio. Haverá concurso de melhor fantasia e leitura poética. 

Outro ponto alto da noite será o esquete "O Xeique nordestino e a lamparina maravilhosa". Não saia sem ver. No elenco, Ricardo Cabús (Xeique), José Marcio Passos (Gênio), Maria Clara (Odalisca da poesia) e Lúh Beltrão (odalisca da dança). Yasmin Hesed assina a coreografia da dança dos sete véus, o DJ Finizola faz os efeitos sonoros e o Edner Careca dá a luz e efeitos especiais. 

Sim, os ingressos que ainda sobraram estão nas farmácias Ao Pharmacêutico até as 15h desta quarta, com descontos -- mesa R$ 60, pista R$ 3 (meia)/ R$ 6 (inteira). Depois, só no local do evento (Mesa R$ 80, pista R$ 10).

Até mais tarde, no Orákulo Chopperia. Sejam bem-vindos. 

Ricardo Cabús

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Varal das Arábias apimenta com poesia as prévias carnavalescas de Maceió


O Instituto Lumeeiro, pelo sexto ano consecutivo, apresenta o Sarau Erótico-Carnavalesco do Papel no Varal para celebrar as folias de Momo. Este ano, com o tema “Varal das Arábias”, a festa acontecerá dia 11 de fevereiro, quarta-feira, às 20h, no Orákulo Chopperia. Além do varal com 100 poemas, o público encontrará música, exposição de arte, performances artísticas e muitas surpresas.

Nesta edição, todos serão transportados aos encantos da Arábia, uma terra em que a sensualidade aflora desde a dança de suas mulheres ao afrodisíaco de sua culinária. Ricardo Cabús, com sua irreverência, dá o tom apimentado da festa ao comandar do palco as leituras poéticas, brincadeiras e performances artísticas surpreendentes. No varal estarão pendurados, dentre outros poetas, Abu Nuwas, Marcos de Farias Costa e Chico Doido do Caicó. Os presentes podem esperar versos como os do inglês John Donne: “Deixa que a minha mão errante adentre/Atrás, na frente, em cima, em baixo, entre”.

Para abrilhantar ainda mais a noite, música de qualidade com a participação especial de Almir Medeiros e músicos convidados. No palco, o DJ Finizola promete muita interação e um repertório variado e cheio de animação, tocando de música árabe a marchinhas carnavalescas.

As artes visuais estarão nas mãos do artista Pedro Cabral, que expõe “Doze estações de Eros”, sua primeira mostra com temática erótica.

Durante o sarau são esperadas diversas performances, tanto espontâneas, pela plateia, quanto apresentadas por atores convidados, com destaque para o esquete “O Xeique e a lamparina maravilhosa”, com atuação de Ricardo Cabús, José Marcio Passos, Arilene de Castro e Lúh Beltrão.

O VI Sarau Erótico-Carnavalesco do Papel no Varal tem vagas limitadas e os interessados podem adquirir o ingresso nas farmácias Ao Pharmacêutico a partir do dia 3 de fevereiro. O evento promete animar as prévias de carnaval com diversão, erotismo e, claro, muita poesia.

O Papel no Varal
O projeto, iniciado em 2009, leva a poesia ao grande público. Num varal de sisal, 100 poemas de autores de todos os tempos e de todos os cantos são dispostos para que as pessoas escolham e leiam. Duas orientações devem ser seguidas: não trazer de casa, nem ler o próprio poema. A curadoria fica por conta de Ricardo Cabús e a pré-seleção passa pelo conselho editorial do Instituto Lumeeiro.

Quem estará presente:


Ricardo Cabús é poeta, tradutor, compositor e professor universitário, lançou os livros de poesia: Cacos Inconexos, Estações Partidas, e A Galinha Saudosa (este último, voltado ao público infantil). É professor da UFAL, presidente do Instituto Lumeeiro, idealizador e apresentador do projeto Papel no Varal, além de criador e diretor do Minuto de Poesia na Educativa FM.







Almir Medeiros é músico, compositor, produtor musical e professor. Tem graduação em Música pela Universidade Federal de Alagoas e especialização em arte-educação pelo CESMAC. Atuou como violoncelista na Orquestra Sinfônica de Sergipe, na Orquestra Filarmônica de Alagoas e Orquestra de Câmara da UFAL onde também foi regente. Foi responsável pela formação de vários grupos musicais dentre eles o Quarteto “A La Sax”, Quarteto "Pau-Brasil", Quarteto "Cantiga de Cellos" e Orquestra Jovem do Ifal.







Artur Finizola é Dj, produtor cultural, designer digital e escritor. Iniciou a carreira como vocalista das bandas Cogumelo e, em seguida, Dona Maria. Como Dj,  seu setlist sempre mescla suas ecléticas preferências musicais à proposta da festa.










Pedro Cabral é artista plástico, arquiteto, escritor e professor. Sua formação em Arquitetura lhe permitiu enveredar também pelo campo das artes plásticas, com produção ativa na cultura alagoana. Suas obras contemplam cores fortes. Pedro Cabral já participou de diversas exposições coletivas de arte.
        



José Márcio Passos: é ator e diretor de teatro. Tem atuado em teatro (Balanço Final), cinema (Deus é Brasileiro, Bye bye Brasil, Quilombo) e televisão (Brilhante). Atualmente dirige o Museu Palácio Floriano Peixoto (Mupa).












Serviço
Sarau Erótico-Carnavalesco do Papel no Varal
Data: 11 de fevereiro de 2015 (quarta-feira)
Horário: 20h
Local: Orákulo Chopperia
Ingressos antecipados: farmácias Ao Pharmacêutico      
Mesas: R$60,00 (antecipado) / R$80,00 (dia)
Individuais/Pista: Antecipado: R$ 3,00 (meia) / R$ 6,00 (inteira). No dia: R$ 10,00
Apresentação e curadoria: Ricardo Cabús
Participação musical: Almir Medeiros e Dj Artur Finizola
Artes visuais: Pedro Cabral
Atores convidados: José Márcio Passos, Lúh Beltrão e Maria Clara.
Coreografia: Yasmin Hesed
Classificação etária: 18 anos
Promoção: Instituto Lumeeiro
Informações: (82) 8135-5990 / 8135-5920 contato@lumeeiro.org
www.facebook.com/institutolumeeiro
www.facebook.com/papelnovaral
Twitter: @lumeeiro e @papelnovaral
Patrocínio/Apoio: Ao Pharmacêutico, Proest UFAL, ADUFAL, SuperPizza, Bodega do Sertão, Cachaça Engenho Nunes, Fika Frio, Sec. Municipal de Saúde (Maceió), IZP. 

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Espaço e Tempo


Espaço e Tempo
(Ricardo Cabús)

Vejo o novo ano
Como um espaço vazio
A ser preenchido por nós

É como uma tela em branco
Para colocarmos tinta
Formando imagens de sonhos
A serem vividos
Ou revividos

Um novo chão
Para marcarmos com nossas pegadas
Trajetos em busca do desejo
Adormecido
Ou não

É um espaço onde o tempo é
Cada vez menor
Mas onde desejos e sonhos
Por atemporais

Cabem plenos

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Um Poeta na Berlinda - Gazeta de Alagoas - Caderno B




Entrevista dada a Arriete Vilela para o Caderno B da Gazeta de Alagoas, publicada em 27/12/2014.

1- Prometemos segundo nossas esperanças e cumprimos segundo

nossos temores"? (La Rochefoucauld)

Minha banda toca em outra praça. Deixar que o temor dite o fazer é extremamente

conservador. O mundo só vai pra frente se houver quem siga ideais que quebrem as

estruturas vigentes e coloquem novas no lugar. Isso vale tanto para a sociedade como um

todo, quanto para aspectos específicos, como a literatura. Imagino quando o verso livre

surgiu, sem rima, sem métrica, os caras devem ter pirado o cabeçote dos que estavam

confortavelmente colocando letras e sílabas tônicas em espaços pré-determinados. Digo

isso sem desmerecer quem já estava sentado na janelinha. Hoje vejo muitos jovens fazendo

poemas que me surpreendem e fazem-me às vezes achar que o velho agora sou eu. Mas

talvez ainda não. Talvez ainda haja como conviver. E que a vida siga e possamos prometer

segundo nossos temores e cumprir segundo nossas esperanças.

2 - "O gênio está sempre acima da era em que vive"? (Harold 

Bloom)

Os gênios são importantes para a humanidade, pois em geral apontam soluções para

problemas até então insolúveis ou até para os que nem haviam sido propostos. De certa

forma dão um empurrão pra frente nas coisas, na ciência, nas artes, nos esportes. Para isso

eles têm que estar de algum modo em um ponto de vista diferente da maioria das pessoas

de seu tempo. Há gênio de toda ordem e para todo gosto, mas prefiro os que ofereceram

sua criação para a alegria ou a melhoria do povo de seu tempo e dos futuros, como um

Chaplin, um Einstein. Isto sem esquecer os gênios populares, dos grotões, que estão à

margem do mainstream (não sei uma palavra boa em português para isso, mas uma possível

tradução seria a corrente dominante de uma época). Por outro lado, sem o agir coletivo a

genialidade pode ser inócua. Imagino quantos gênios foram incompreendidos em seu tempo

ou perdidos pela distância dos grandes centros. Quanto a humanidade poderia ter ganhado?

Mas o acaso faz sua parte no caminhar do rio da vida.

3 - "Todo e qualquer conhecimento tem origem na 

experiência"? (J. Locke)

Gosto de pensar que o conhecimento é resultado de algo construído pelo pensamento e

se baseia numa representação mental – elaborada a partir da percepção e da intuição –

da realidade exterior ao pensamento, do que poderíamos chamar de concreto, e que sem

dúvida passa pela experiência.

4 - "Os clássicos escreviam tão bem porque não tinham os 

clássicos para atrapalhar"? (Mario Quintana)

Quintana enfia o dedo em um aspecto bem interessante: o papel dos pares. Isso vale para a

literatura e para a ciência. É muito comum encontrarmos donos de nichos ou às vezes donos

de toda a verdade. Seja diferente e pereça. Por outro lado, não podemos deixar de enfatizar

a importância deles, sobretudo para quem está começando. Uma referência sólida é sempre

um bom começo para quem quer entrar em alguma área. É o pai ou a mãe. Uma hora deve-
se romper e caminhar por conta própria, mas não necessariamente sozinho.

5 - "Nem todo poema contém poesia. [...] Há máquinas de rimar, 

mas não de poetizar. Por outro lado, há poesia sem poemas; 

paisagens, pessoas e fatos podem ser poéticos: são poesia sem ser 

poemas"? (Octavio Paz)

Concordo, embora nem goste de chamar de poema alguns escritos que não guardam

poesia. Sou extremamente tolerante a escolas literárias e a não-escolas, mas não à falta de

poesia, mínima que seja, uma metaforazinha, pelo menos, ou uma estética que surpreenda.

Também não gosto da tentativa de replicar o romantismo do século XIX nos dias de hoje.

Foi extremamente válido, mas vamos deixar que novas formas ganhem espaço e corpo.

Vale destacar que tenho certa aversão à ideia elitista de que a poesia popular não é poesia

ou é inferior. Eu posso gostar, ou não, de um poema popular, por encontrar um lirismo

simples, como de um poema concretista altamente inteligente, porém sem lirismo algum.

Por outro lado, não há como não curtir a poesia nos belos olhos da pessoa amada, em um

céu com cores surpreendentes, no andar trôpego da criança dando os primeiros passos em

direção à mãe.

6 - "A Arte é uma espécie de Bem por procuração"? (Íris 

Murdoch)

A arte é algo que deve estar disponível por procuração com plenos poderes para qualquer

ser humano usufruir. A arte, embora fruto de um ser, deve estar superior ao ego do

artista. Depois de criada, a obra de arte é de quem a sente e consegue carregá-la em si,

independente de possuir o dinheiro necessário para comprá-la.

7 - "Uma enorme fatia de algo bom é maravilhoso"? (Mae West)

Não sou dos que se lambuzam no excesso. Gosto das hipérboles, mas como figura de

linguagem que ajuda a iluminar algo a ser destacado, uma lupa. Hoje procuro desenvolver

em mim a capacidade de saciar-me com menos. É um exercício difícil, porém moralmente

interessante. O problema é que o fantasma de Oscar Wilde geralmente pousa e lembra-me

que "eu resisto a tudo, menos às tentações".

 8 - "De onde menos se espera, daí é que não sai nada"? (Barão de 

Itararé)

Perfeito, como peça de humor. Dialoga generosamente com a estatística. No entanto, na

literatura é um desastre. Eu gosto da literatura que me surpreende, que me arrepia.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Poesia e música de Vinícius de Moraes saúdam o solstício de verão

Em uma noite quente, Ricardo Cabús, Duo Lumeeiro e Fernanda Guimarães ventaneiam emoção para uma plateia atenta e interativa.


(Ascom Lumeeiro)
(Fotos: Levi Yuri)

Ricardo Cabús dá voz à poesia de Vinicius

A segunda edição do Só Vinícius cumpriu o que prometeu: encantar o público com a união da música e da poesia de um dos maiores autores da literatura brasileira, Vinicius de Moraes.
A noite era de solstício de verão: temperatura alta, brisa leve e lua escondida. O público, pouco a pouco, fez presente. Às 19h30min os primeiros acordes de Berimbau foram executados com perfeição pelo Duo Lumeeiro, composto pelos músicos Miran Abs e Willbert Fialho. Breves instantes depois a voz de Ricardo Cabús ecoava firme trazendo a poesia do homenageado da noite.
A curadoria de versos e canções contemplou as diversas faces de Vinicius: do amor romântico trazido na música Minha namorada à metalinguagem presente nas estrofes de Poética. Também foi possível ouvir releituras de poemas a partir da entonação que Ricardo Cabús adotou. Foi o que ocorreu com A casa, conhecido por ter se transformado em música infantil e mostrado, no recital, em tom sério e áspero para condizer com a crítica social ali existente. O poema Olhe aqui, Mr. Buster teve uma interpretação arrebatadora e foi o mais aplaudido da noite.

Plateia atenta lotou o espaço Cultura e Sabores

O público foi eclético, contemplou tanto iniciantes na obra do Poetinha quanto admiradores já fieis. Camila Cavalcante, artista visual de destaque no atual cenário da cultura alagoana, disse ser fã de Vinícius de Moraes desde sempre e destacou que a iniciativa do Instituto Lumeeiro em fazer esta homenagem “é importantíssima, na verdade, essencial. Porque Vinícius é muito popular mas ao mesmo tempo não é muito apreciado. As pessoas não têm noção exata de que gostam dele. Alagoas é muito carente desse tipo de iniciativa.”
Por parte dos que estão começando a conhecer Vinícius de Moraes, havia Bianca Teixeira, que disse acompanhar “a obra de Vinícius pelas mídias habituais. Tô gostando muito da divulgação que estão fazendo, tem a questão das olimpíadas que eles colocaram o nome de Vinícius e tô me interessando muito pela poesia há pouco tempo. Tive essa oportunidade de ver esse evento e vim para conhecer um pouquinho mais sobre o trabalho dele na área de poesia e música. A iniciativa do Instituto Lumeeiro em fazer o evento é muito importante, muito interessante para o Estado de Alagoas que tem carência nessa área de cultura, de poesia. Gostei muito do local escolhido, do tema abordado, do dia, horário e tô gostando muito da programação que vocês fizeram”.
Miran Abs, Ricardo Cabús, Fernanda Guimarães e Willbert Fialho

Foi esse clima de satisfação e encantamento que tomou conta da noite, encerrada com chave de ouro pela participação mais que especial de Fernanda Guimarães entoando Eu sei que vou te amar, única música cantada do repertório, e dando uma palhinha extra com Ela é carioca.


(Este evento contou com o patrocínio de Ao Pharmacêutico, Gama Engenharia de Recursos Hídricos e Secretaria Estadual de Cultura e com o apoio de Armazém Guimarães, Bodega do Sertão, UFAL e IZP.)

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Só Vinicius traz poesia e música do Poetinha para celebrar a chegada do verão

O Instituto Lumeeiro traz ao palco o recital Só Vinicius, no solstício de verão, domingo, dia 21, às 19h, no restaurante Cultura e Sabores (Ponta Verde). A capital alagoana terá a oportunidade de rever uma homenagem que une versos e canções de Vinicius de Moraes no ano em que são celebrados 101 anos de vida do Poetinha.

O poeta Ricardo Cabús comanda o show e dá voz à poesia marcante e atemporal de Vinicius de Moraes, que traz versos ora apaixonados “São demais os perigos desta vida/Para quem tem paixão principalmente”, ora impactantes “Pensem nas crianças/Mudas telepáticas/Pensem nas meninas/Cegas inexatas”, ora irreverentes “Para que vieste/Na minha janela/Meter o nariz?/Se foi por um verso/Não sou mais poeta/Ando tão feliz!”.

A música fica sob responsabilidade do Duo Lumeeiro – formado pelos músicos Miran Abs (violoncelo e flauta) e Willbert Fialho (violão de sete cordas) – que traz um show instrumental com canções, como “Garota de Ipanema” e “Onde anda você”, que embalaram muitas gerações e marcaram a história da música popular brasileira. A noite ainda contará com uma participação especial da cantora e compositora Fernanda Guimarães na música “Eu sei que vou te amar”.

Só Vinicius, através do enlace de versos poéticos e musicais de um dos maiores nomes da música e literatura brasileira, promete extasiar e cativar o público com toda a boemia advinda da criação artística do Poetinha.

Quem estará no palco

Ricardo Cabús: poeta, tradutor, compositor e professor universitário, lançou os livros de poesia: Cacos Inconexos, Estações Partidas, e A Galinha Saudosa (este último, voltado ao público infantil). É professor da UFAL, presidente do Instituto Lumeeiro, idealizador e apresentador do projeto Papel no Varal, além de criador e diretor do Minuto de Poesia na Rádio Educativa FM.


Miran Absmulti-instrumentista, com destaque para o violoncelo e a flauta. Formada em Música (Licenciatura) pela UFAL e Bacharelado em Violoncelo pela UFPB. Participou de vários CDs, shows, festivais locais e nacionais e em trilha sonora para propagandas e documentários. Professora de artes da Rede Estadual de Ensino e Coordenadora Técnica de Música do PETI. Atuou como flautista e violoncelista da Orquestra de Câmara da UFAL no período de 1994 a 2004.


Willbert Fialho: alagoano de Pão de Açúcar, traz a influência ribeirinha em sua formação musical. Destaque entre os violonistas alagoanos, já acompanhou inúmeros músicos locais, em shows e gravações, e, atualmente, toca com o cantor Altemar Dutra Jr. Já produziu trilhas sonoras para documentários e integra os grupos Duo no Choro, Trio Cai Dentro, Grupo Cai Dentro e Confraria Alagoana do Choro.


Fernanda Guimarães: intérprete e compositora alagoana, com 13 anos de carreira, a artista se preocupa com a diversidade de seu trabalho e, desde o início de sua carreira está relacionada a diferentes experiências, que a propiciaram tanger ritmos como a MPB, Samba, Pop Rock, Blues, Jazz e Rock’in Roll.


SERVIÇO

Evento: Só Vinicius
Data: 21 de dezembro de 2014
Horário: 19h
Local: Cultura e Sabores (Espaço Ação Livre – ao lado do antigo Coconut-Ponta Verde)
Ingressos: (nas farmácias Ao Pharmacêutico)
Individuais: 1º lote - R$10 (meia) / R$20 (inteira) / 2º lote - R$20 (meia) / R$40 (inteira) / Dia - R$30 (meia) / R$60 (inteira)
Apresentação, roteiro e curadoria: Ricardo Cabús
Participação musical: Duo Lumeeiro (Miran Abs e Willbert Fialho)
Participação especial: Fernanda Guimarães
Classificação etária: 14 anos
Promoção: Instituto Lumeeiro
Apoio: Ao Pharmacêutico, Gama Engenharia de Recursos Hídricos, Armazém Guimarães, Bodega do Sertão, UFAL, IZP.
Informações: (82) 8135-5990 / contato@lumeeiro.org

Twitter: @lumeeiro e @papelnovaral

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Espraiado

http://www.epochtimes.com.br/
Espraiado
(Ricardo Cabús) 

Caminho a esmo
Uma lesma sobe trôpega
por pedras que contêm seu cheiro espessado
Espero deixando meu corpo
esparramar-se lentamente
no amarelo desbotado da relva
tostada pelo sol escaldante
Um cão esbaforido
escamoteia um brinquedo largado
por alguma criança desligada
O vento nordeste toca uma sinfonia
nas palhas estéreis de coqueiros anãos e viris
enquanto uma escultura fora de moda olha pra mim
esfaimada e bela
qual essa lembrança
que esvai suave ao cair da ampulheta