quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Piazzollando Quintana: sutileza nos versos e virtuosismo no tango embevecem o público


por Ludmila Monteiro e Rafaela Albuquerque
Supervisão: Jornalista Andréa Moreira
Fotos: Ascom – Instituto Lumeeiro

Criatividade: algo mais, além de um legado imortal, une dois grandes expoentes que foram visitados pelo Em Maceió chove poesia, na noite da segunda-feira, dia 27, no Maikai Choparia. A sutileza de Quintana e a sofisticação de Piazzolla transportaram o público a um encontro inusitado e envolvente nas interpretações, ao mesmo tempo fiéis e inovadoras, de Ricardo Cabús, Bruno Palagani e Willbert Fialho.
Ricardo Cabús deu voz à poesia de Mário Quintana,
o ‘poeta das coisas simples’
            A escolha da poesia de Mário Quintana provou-se das mais acertadas diante da casa cheia do Maikai - aproximadamente 250 pessoas compareceram à choparia para prestigiar o espetáculo. Na voz de Cabús, a obra do poeta que dizia escrever para ‘a Maria de Todo Dia’ e ‘o João Cara de Pão’ esbanjou simplicidade e alcançou os presentes instantaneamente.
           Quintana escreveu poemas a respeito de quase tudo: falou de amor com a delicadeza que lhe é peculiar, divagou sobre a identidade que se forma desde a casa em que se nasce, refletiu sobre a vida e a morte. Tudo isso temperado por um humor sagaz, que, com Ricardo Cabús alternando as palavras do poeta com pequenos causos de sua vida, provocou diversos momentos de riso na plateia.

Roberto Sarmento (dir.) veio atraído pela obra de Piazzolla
Ricardo Cabús deu voz à poesia de Mário Quintana, o ‘poeta das coisas simples’
 
            Opiniões do público - O professor universitário Roberto Sarmento confessou que a principal motivação para sua presença no Piazzollando foi a obra do compositor argentino, mas não deixou de citar a importância da combinação com a poesia de Quintana. “Eu acho essa iniciativa de combinar poesia com a música uma coisa muito boa... Ambas as artes são atraentes,” declarou.

Roberto Sarmento (dir.) veio atraído pela obra de Piazzolla
A música de Piazzolla foi a responsável por atrair um grande número dos espectadores que lotaram o Maikai. Arrancou aplausos do público o tango em uma nova cor, nas cordas do violão, do bandolim e da guitarra baiana, com a interpretação dos virtuosos Willbert Fialho e Bruno Palagani.

Roberto Sarmento (dir.) veio atraído pela obra de Piazzolla
 
            “Eu gosto muito de Astor Piazzolla, e aqui a gente quase que não ouve,” comentou o secretário adjunto de cultura do estado, Álvaro Otacílio Vasconcelos, presente também como representante da parceria entre o Instituto Lumeeiro e a Secretaria de Estado de Cultura (Secult) – uma das responsáveis por fazer acontecer os eventos do projeto. “O Cabús está sempre inovando e seria muito bom que outras pessoas também fizessem, como ele, eventos assim, diferentes, para movimentar mais a cultura alagoana,” acrescentou o secretário.
Álvaro Otacílio Vasconcelos representou o apoio da Secult
            Lucas Almeida, estudante de jornalismo, compartilha esta opinião. Ele considera o formato do Piazzollando Quintana e outros projetos do Instituto Lumeeiro algo inédito no Nordeste e no Brasil. “Dificilmente você encontra,” disse Lucas e concluiu: “Saber que em Maceió existe, e que sempre que acontece, lota, é muito satisfatório.”
O estudante de Letras Tiago Peres, que esteve presente no Bukowski Blues, evento anterior do mesmo projeto, repetiu a dose e aprovou a interpretação dos artistas: “Eu notei uma intimidade bem maior do Ricardo Cabús com os poemas, foi uma experiência mais catártica tanto pra ele quanto pra gente.” Ele também considerou a música como “tocante e emocionante”, elogiando a diversidade na interpretação de Patricia Hecktheuer e na atuação de José Márcio Passos, que apresentou o poema Solau à moda antiga.
Patricia Hecktheuer: “Foi uma grande emoção”

Álvaro Otacílio Vasconcelos representou o apoio da Secult
 
            Convidada especial - Cabús convidou a soprano gaúcha para participar do espetáculo, interpretando Balada para um louco, após encontrá-la na rua e recordar sua admiração pelas obras de Quintana e Piazzolla. Patricia Hecktheuer disse que a experiência foi uma grande emoção e uma oportunidade de relembrar suas raízes. “Eles são muito talentosos,” falou, referindo-se a Fialho e Palagani. “A gente ensaiou tão pouco, e eles acompanharam... São pessoas muito sensíveis,” avaliou.

Patricia Hecktheuer: “Foi uma grande emoção”
 
            Os instrumentistas já haviam tido a experiência de tocar composições de Piazzolla, porém esta foi a primeira vez em que Willbert Fialho e Bruno Palagani tocaram um repertório tão extenso do argentino. “Foi um grande desafio” contou Bruno Palagani, para quem a maior dificuldade foi fazer os arranjos para cordas a partir dos originais, destinados ao bandoneón, instrumento clássico do tango. “Mas foi muito gostoso”, resumiu Palagani, recordando o processo em que ele e Fialho trabalharam para transpor os tons das músicas de Piazzolla para os mais adequados aos seus instrumentos. Na opinião do músico, esta foi uma experiência musicalmente enriquecedora para a dupla.
Palagani (esq.) e Fialho (dir.) responderam com maestria
 ao desafio de adaptar as obras do compositor argentino

Palagani (esq.) e Fialho (dir.) responderam com maestria ao desafio de adaptar as obras do compositor argentino
 
            Piazzollando Quintana encerrou a programação do projeto Em Maceió chove poesia, que levou o público ao Maikai durante os meses de julho e agosto em quatro noites muito agradáveis, plenas de boa poesia e música de qualidade, com um público total girando em torno de 900 pessoas. O projeto foi uma realização do Instituto Lumeeiro, com o apoio das farmácias Ao Pharmacêutico, da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), da Gama Engenharia de Recursos Hídricos, da Braskem, do Armazém Guimarães, do Instituto do Meio Ambiente (IMA) e do Instituto Zumbi dos Palmares.
Novos eventos realizados pelo Instituto estão previstos para os meses de setembro, outubro e novembro deste ano. Maiores detalhes serão divulgados em breve nos seguintes endereços:
Facebook: www.facebook.com/instituto.lumeeiro.3 e Fanpage Papel no Varal
Twitter: @lumeeiro e @papelnovaral

Casa cheia no Maikai: mais de 250 pessoas compareceram ao diálogo de poesia e música do Piazzollando Quinana
 
Para receber e-mails do Instituto Lumeeiro, acompanhar sua programação, ou outras informações: 8135.5990 e contato@lumeeiro.org.

5 comentários:

  1. Foi, sem dúvida, uma noite muito agradável!

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  2. Sem dúvida, noite cultural muito agradável!

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  3. Encontrar poesia e música em Maceió já é difícil. Encontrar Quintana e Piazzola juntos... era impossível... O Lumeeiro conseguiu. Obrigado pela noite de chuva... de poesia e música. Ademar Solon.

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  4. Encontrar poesia e música em Maceió já é difícil. Encontrar Quintana e Piazzola juntos... era impossível... O Lumeeiro conseguiu. Obrigado pela noite de chuva... de poesia e música. Ademar Solon.

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  5. Infelizmente esses eventos só acontecem nos grandes centros, deixando os amantes das pequenas cidades do interior alagoano com água na boca.

    Pela descrição, o evento deve ter sido bastante legal. Quem já leu Quintana deve imaginar o quanto foi satisfatório ouvi-lo entrelaçado a música.

    Parabéns pelos organizadores do evento!

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