sexta-feira, 28 de março de 2014

Papel no Varal traz a liberdade em forma de poesia

O Papel no Varal estará presente no 13º Ato do Programa Ufal em Defesa da Vida, que relembra criticamente o período de ditadura militar no Brasil (1964-1985). O sarau com o tema “Liberdade”, ocorrerá na próxima segunda-feira, 31 de março às 17h na Praça do RU, no Campus AC Simões.

O varal de sisal estará com 100 poesias de autores que expressam a liberdade em diversas acepções. Os poemas poderão ser escolhidos e declamados pelos espectadores durante o evento, apresentado por Ricardo Cabús. Os presentes encontrarão versos como:

“Fica proibido o uso da palavra liberdade.
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.”
(Thiago de Mello, Os Estatutos do Homem)

A apresentação musical será de Luiz de Assis, vocalista da Banda Vibrações, que trará um repertório com canções autorais e clássicos marcados pelo espírito de protesto como “Pra não dizer que não falei das flores” de Geraldo Vandré.

A iniciativa cultural é gratuita. O projeto é promovido pelo Instituto Lumeeiro com o objetivo de divulgar a poesia à população alagoana.

SERVIÇO
Papel no Varal: Liberdade
Apresentação: Ricardo Cabús
Participação Musical: Luiz de Assis (vocalista da banda Vibrações)
Dia: 31/3/2014, segunda-feira
Horário: 17h
Local: Praça do RU, Campus AC Simões, Maceió - AL
Entrada gratuita
Informações: 8135-5990 / contato@lumeeiro.org
Produção Executiva: Lidiane Produções

Promoção: Instituto Lumeeiro e Proest/Universidade Federal de Alagoas

quarta-feira, 19 de março de 2014

Viajando nas páginas de Izabel e degustando sentidos...

Maria Stela Torres Barros Lameiras
Verão - 2014

O livro de Izabel Brandão já dispensa, por si só, a embalagem de um lindo presente – ele já é um presente.  Dá-nos mesmo a impressão de que estamos entrando em um jardim, com a capa florida, parecendo anunciar que AS HORAS DA MINHA ALEGRIA serão divididas com suas leitoras, com seus leitores, com os que tiverem a chance de degustar as palavras deste livro. 
Gosto da ideia da escritora Helena Parente, prefaciadora deste livro, quando ela nomeia seu prefácio de TRAVESSIA EM BUSCA DE UM LUGAR. Gosto de travessias,  vivi sempre próxima de muitas fronteiras - geográficas, sociais, culturais, políticas e até mesmo de uma fronteira que existe em todos nós, no espaço do que somos e no do que  queremos ser. Foi por essa razão, que eu me apressei para espreitar o final do livro... Descobri, então, e não sem grande alegria, que o sentimento de estrangeiridade, revelado em muitos momentos pela autora, cede lugar a uma parada estratégica. É quando ela decide “aportar” (p.126) por aqui, quando ela diz, movida pelas noites serenadas pela luz da lua: “É aqui mesmo que vou ficar” (p.126). Ficaria triste se assim não o fosse, mesmo sem saber se quem aporta é a amiga que eu quero por perto, ou se é a poeta que prefere ir e vir em busca de um lugar...
 Foi com a avidez  de uma leitora que se encanta com as palavras que percorri as páginas do livro de poemas de Izabel: poemas cujas rimas ultrapassam a métrica dos sentidos, palavras que constroem um paralelismo doído em Almas tristes - “sem terra, sem teto sem nada” (p.91), mas também em palavras que parecem se desprender do chão e pegar a rota do mar, valendo-me  aqui, mais uma vez, das palavras da autora.
Estrangeira? Exilada? Talvez apenas inquieta, uma inquietude que é saudável para quem quer se sentir vivo, para quem sente pulsar como a poeta, em seus Rumores errantes: “remotos desejos/arcaicos lampejos /como vagalumes piscando (...)” (p.76).
Toda retorno implica uma ida... Toda ida supõe um retorno... Esses movimentos no tempo e no espaço, quando descritos nas palavras da poeta – e aqui em me refiro especificamente à Izabel -, fazem saltar uma voz  que faz ecoar vozes interiores, nas quais se refletem tantas outras vozes de nosso entorno físico e espiritual.  São vozes que desnudam e revestem nosso ser, são vozes que clamam silenciosa e vorazmente como no “Sinal de trânsito”, uma “agonia [que] beira as bordas do coração” (p.86); são vozes que trazem “Verdes palavras na pele”, revelando, com um toque de esperança, que “Tudo isso é novo/ e esse começo, melhor, recomeço,/ é só leveza/ de novo (p.111).
De repente, na p.63, a poeta nos presenteia com a bela  imagem de um de seus versos (aliás, BELA sempre foi um adjetivo de valor SUBSTANTIVO na vida de Izabel). Falo do momento em que vamos encontrar a poeta “sentada na calçada /com as asas na mão”...  Asas que a autora nos dá quando tentamos acompanhar as partidas e as chegadas, as trilhas e as tramas que atravessam seus poemas.  Não há exatamente respostas nas poesias de Izabel  - a poesia não foi feita para dar respostas. Acho que foi essa a intenção – se é que podemos falar de intenção em se tratando de poesia -  do escritor Pablo Neruda em seu LIVRO DAS PERGUNTAS, no qual, entre suas indagações, o autor se perguntava: Onde terminará o arco-íris: dentro da alma ou no horizonte?
Acredito que o livro de Izabel, assim como o arco-íris de Pablo Neruda, vai nas duas direções, na da alma e na do horizonte; ou melhor, penso que vai na direção do horizonte da alma, pois esta pode fazer vislumbrar múltiplos horizontes.

Por isso, penso que poesia que se explica deixa de ser poesia, poeta que se conhece plenamente, deixa de ser poeta. Mas o coração de quem escreve a poesia, de quem vive a poesia, esse sim, pode-se reconhecer facilmente... E é ao coração da poeta Izabel que eu me dirijo, para agradecer pelo ENCONTRO que a vida promoveu entre nós, como companheiras de trabalho, como amigas, como seres humanos que reconhecem a provisoriedade do lugar em que nos instalamos e, por isso, vivem a inquietude da busca, mas nem por isso deixam de buscar a felicidade no lugar em que se encontram.

terça-feira, 18 de março de 2014

Sylvia Beirute estará no Varal da mulher

Aviso
(Sylvia Beiture)

se tiver sintomas de poema, aguente,
não resgate o orgulho, guarde, quando falar
com os outros, uma distância
de, pelo menos, um metro,
fique em casa, não vá trabalhar, esqueça
rotinas graves, monólogos de rupturas,
a periferia de uma lição integral de intimidade,
não consulte o oráculo, des-
frequente-se a si mesmo, não vá à escola, evite
locais muito populosos e com densidades intrínsecas,
evite cumprimentar com abraços,
beijos, apertos de mão.
se tiver sintomas de poema, apenas informe
o silêncio, que ele saberá o que fazer:
esperará que o poema levante a cabeça
e o decapitará. sem uma palavra.

Papel no Varal volta com 100 poetas mulheres

Hoje, 18/3/2014, voltamos com mais um Papel no Varal temático, fazendo parte das homenagens ao dia da mulher. Pelo terceiro ano seguido, faremos um sarau com 100 poemas de 100 mulheres poetas. A nova seleção trará ao varal das consagradas, Cecília Meireles e Florbela Espanca, às novas revelações da poesia, como a jovem portuguesa Sylvia Beirute, que estará presente com seu "Aviso" (ver poema).

O evento será gratuito e quem tiver pegado o convite nas farmácias Ao Pharmacêutico terá entrada garantida. Quem não conseguiu ainda dá tempo de segurar os últimos convites. Se tiver acabado, mesmo assim ainda restará a última cota para a hora do evento. Então não vai ter motivo para não ir.

Sim, o sarau começa às 20h, no Maikai Choparia, e terá a participação musical de Irina Costa, acompanhada de Willbert Fialho e Jiuliano Gomes. Como sempre, qualquer pessoa pode ler no palco qualquer dos poemas pendurados no varal. Quem já subiu, sabe o prazer que dá.
Sejam bem-vindos(as)

Ricardo Cabús

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SERVIÇO
Papel no Varal: Mulher
Apresentação: Ricardo Cabús
Participação musical: Irina Costa, acompanhada por Willbert Fialho e Jiuliano Gomes
Dia: Terça, 18 de março de 2014 às 20h
Local: Maikai Choparia (Stella Maris, Maceió)
Entrada Gratuita
Convites: farmácias Ao Pharmacêutico (antecipados) e à noite no local.
Vagas limitadas
Classificação: 14 anos.
Informações: 8135-5990/ papelnovaral@gmail.com
Informações/Comentários: http://cacosinconexos.blogspot.com
Produção: Instituto Lumeeiro

Patrocínio: Secretaria de Estado da Mulher da Cidadania e dos Direitos Humanos (Alagoas).
Apoio: Ao Pharmacêutico e Armazém Guimarães