quinta-feira, 8 de março de 2012

Relato do Papel no Varal - Poesia de Mulher


O Papel no Varal - Poesia de Mulher, ocorrido dia 6 de março, foi um sucesso. O Maikai estava lotado, mais de 250 pessoas sentadas, afora o público em pé (ver fotos no link abaixo), foram homenagear as mulheres através da poesia. As leituras foram provavelmente das melhores de todos os eventos do Papel no Varal: Zé Marcio, Letícia, Julis, Katia Born, Paloma Amado, Ricardo Vieira, Edna Lopes, Janaína Amado, Graça Cabral, Osvaldo Viegas,... a lista é imensa e minha memória diminuta. A noite de poesia tornou-se maior com a música do Divina Supernova. Ana Galganni e Júnior Bocão acompanhados de Félix Baigon ao contrabaixo trouxeram de Edith Piaf a Mart'nália e emocionaram a plateia a cada acorde.

A seleção dos 100 poemas, embora elogiada, teve de deixar de lado muita gente. Provavelmente deixamos de ouvir boas poesias, mas faz parte do show, e outros virão.

A produção do evento esteve nas mãos de Taísa Cabús, que junto com Lidiane, Flávio, Bruna e Sara (que mesmo ausente deu grandes contribuições na pré-produção) tornaram a noite agradável para todos.

O evento foi patrocinado pela Secretaria Estadual da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos (Governo de Alagoas), fazendo parte da programação do mês da mulher. Patrocínios como este têm sido fundamentais para a continuidade do Papel no Varal, que em 29 de abril completará três anos de existência.  

Deixo ao final a última poesia lida no evento como uma homenagem às mulheres.

Viva o 8 de março.

Ricardo Cabús

Fotos, por Everaldo Dantas:


Naomi Shihab Nye[1]

Fechando o punho

Tradução: Ricardo Cabús

Pela primeira vez, na estrada ao norte de Tampico,
eu senti a vida deslizar de mim,
um tambor no deserto, muito difícil de ser ouvido.
Eu tinha sete anos, estava no carro
observando pelo vidro as palmeiras trançarem-se em um padrão nauseante.
Meu estômago era um melão partido dentro da pele.

‘Como a gente sabe que vai morrer?’
Supliquei à minha mãe.
Nós estávamos viajando há dias.
Com estranha confiança ela respondeu,
‘Quando a gente não puder mais fechar o punho’.

Anos depois eu sorrio pensando naquela viagem,
as fronteiras que devemos cruzar separadamente,
carimbados com nossas aflições sem resposta.
Eu que não morri, que ainda estou vivendo,
ainda estou sentada no banco traseiro atrás de todas as minhas perguntas,
fechando e abrindo uma pequena mão.



[1] Palestina-estadunidense (1952)