segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Cine São Luiz de volta, em Recife

A boa notícia, abaixo, constrasta com o ridículo número de cinemas em Maceió. Ainda bem que há o Cine Sesi, sob a direção inteligente e apaixonada do Marcão.


Salve o cine São Luiz
Publicado em 28.12.2009 no Jornal do Comércio de Pernambuco

Depois de passar por uma reforma de R$ 1,2 milhão, equipamento reabre, hoje, as portas

Luís Fernando Moura

Quando a reportagem do JC entrou no Cinema São Luiz, a equipe administrativa preparava o teste de projeção para a sessão première. Já está tudo pronto: gesso, pintura e ornamentos, carpete, as poltronas vermelhas. O lugar está lindo, fiel ao projeto arquitetônico original da sala, inaugurada em 1952 pelo Grupo Severiano Ribeiro e fechada em 2006, após recorrentes baixas na bilheteria que descambaram na insustentabilidade. Na tela, Baile perfumado, filme de Lírio Ferreira e Paulo Caldas que estreou no local em 1997, abre a nova temporada como artefato de um tempo em que os cinemas estavam nas ruas. A sessão inaugural acontece hoje, às 19h30, para convidados, mas o filme integra também a programação regular, com início no dia 12 de janeiro.

A reforma custou R$ 1,2 milhão à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), responsável pelo projeto. Após aproximadamente quatro meses de serviço, a sala se tornou mais espaçosa, adaptada para comportar 992 pessoas (já chegou a reunir um total de 1.340 assentos). O novo cenário inclui poltronas reservadas para pessoas obesas e para portadores de necessidades especiais. Já o equipamento está tinindo. O projetor de 35mm ganhou revisão e um nova estrutura de som foi instalada – conta com, ao todo, 26 caixas do sistema Dolby Analógico.

A programação também se renova: passa a mesclar títulos do circuitão e projeções especiais, com foco no intercâmbio entre a produção pernambucana e nacional, incluindo horários reservados à exibição de curtas-metragens. Serão mantidas sessões clássicas, como a do circuito de arte, realizada nas sextas-feiras, às 22h, e a matinê de domingo.Mas esqueça: o cinema não vai se limitar apenas a “maior diversão”, como dizia o slogan do Grupo Severiano Ribeiro. O São Luiz passa a ter um viés complementar de formação de público, com as manhãs pautadas por exibições exclusivas para estudantes das redes pública e privada de ensino, além de universitários.

O São Luiz não é um cinema igual ao do setor produtivo, ele entra como uma estação da política de cultura em Pernambuco, com foco no Audiovisual”, explica Luciana Azevedo, presidente da Fundarpe. Ela diz que a reestruturação do local faz parte de uma estratégia de valorização e descentralização da produção em cinema no Estado, que prevê a entrega de mais três espaços reformados no início do ano: o Cineteatro Guarany, em Triunfo, o Cineteatro Apolo, em Palmares, e o Cineteatro Polytheama, em Goiana. Já o Teatro Arraial, no Recife, que espera por reinauguração há anos, atualmente passa por reforma da estrutura cenotécnica. Luciana esclarece que ele passará a integrar o circuito das artes cênicas e terá o equipamento de projeção encaminhado para o Museu da Imagem e do Som de Pernambuco (Mispe), outro que enfrenta reformulação.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Um poema para o dia de Natal

José Miguel Silva

um

Cai um sino do pinheiro de natal.

Por muito menos se foge de casa

de seus pais. Agachados sob o leque

das hortênsias, descobrimos que as lágrimas

são fáceis de engolir. Sem saber,

já chegamos ao escuro.

Só nos falta pôr o til na palavra solidão.


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Sylvia Plath - Espelho

Sylvia Plath

Espelho

Tradução: Ricardo Cabús

Sou prateado e exato. Não tenho preconceitos.

Tudo o que vejo engulo imediatamente

Do jeito que é, desnevoado de amor ou aversão.

Não sou cruel, apenas sincero –

O olho de um pequeno deus, com quatro cantos.

Na maior parte do tempo contemplo a parede em frente.

É cor-de-rosa, com pequenas manchas. Já olhei tanto para ela

Que creio seja uma parte do meu coração. Mas ela vacila.

Faces e escuridão nos separam mais e mais.

Agora sou um lago. Uma mulher curva-se sobre mim,

Examinando em minha extensão o que ela realmente é.

Então ela se vira em direção àquelas mentirosas, as velas ou a lua.

Vejo suas costas e as reflito fielmente.

Ela me recompensa com lágrimas e um aceno de mãos.

Sou importante para ela. Ela vai e vem.

A cada manhã é a sua face que substitui a escuridão.

Em mim ela afogou uma menina e em mim uma anciã

Ergue-se em sua direção dia após dia, como um peixe terrível.


...........

Mirror

I am silver and exact. I have no preconceptions.

Whatever I see I swallow immediately

Just as it is, unmisted by love or dislike.

I am not cruel, just truthful -

The eye of a little god, four cournered.

Most of the time I meditate on the opposite wall.

It is pink, with speckles. I have looked at it so long

I think it is a part of my heart. But it flickers.

Faces and darkness separate us over and over.

Now I am a lake. A woman bends over me,

Searching my reaches for what she really is.

Then she turns to those liars, the candles or the moon.

I see her back, and reflect it faithfully.

She rewards me with tears and an agitation of hands

I am important to her. She comes and goes.

Each morning it is her face that replaces the darkness.

In me she has drowned a young girl, and in me an old woman

Rises toward her day after day, like a terrible fish.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Papel no Varal confraterniza com poesia


O céu estava limpo e a cidade com um trânsito estranho. Embora a distância de meu apartamento ao Bar Delícia das Águas pudesse ser percorrida em menos de cinco minutos, uma blitz da polícia multiplicou por cinco esse tempo. Em outras épocas teria reclamado, mas a violência urbana em Maceió fez-me mudar de opinião. Cheguei alguns minutos após o horário previsto para o último sarau de 2009 do Projeto Papel no Varal, seria a retrospectiva do ano com cem poemas de cem autores que de alguma forma foram destacados em momentos dos sete saraus anteriores, desde o primeiro em 30 de abril no Bistrô Bella Gula.

O ambiente ainda não estava lotado, embora as mesas tivessem sido reservadas até o dia anterior. Taísa havia dado uma nova concepção ao varal, desta vez ele estava concentrado ao lado do palco, não mais sobre algumas mesas, como ocorrera em julho, no mesmo espaço. Com isto o acesso aos poemas ficou facilitado e diminuiu o incômodo causado anteriormente aos frequentadores. Aos poucos, as mesas foram sendo preenchidas e iniciamos o evento logo depois das nove da noite. Os poemas fluíram durante os dois blocos de 50 minutos. No intervalo, Fernando Marcelo e seu violão trouxeram música de qualidade, com destaque para marcha “Papel no Varal” homônima do Projeto, criada alguns anos atrás por mim e Fernando, bem antes da criação do Projeto, o que levou Fiúza a afirmar: “todo poeta é um profeta”. Fernando percorreu parte de seu repertório, acrescido de Elegia, música de Caetano para o belo poema de John Donne.

A noite trouxe de volta habitués do Projeto, como Letícia e Paulo Poeta, que se juntaram a um grande número de novos participantes de diversas idades. Dentre eles a portuguesa Maria João que declamou junto com Allan, voltando para tomar seu posto “isto vicia”, ameaçado por Igor no sarau do Corujão. Teve uma garota que foi abandonada pela companhia no meio do caminho, chegou sozinha no evento, passeou pelo varal, escolheu, declamou, se divertiu muito e deve ter deixado, no dia seguinte, o amigo que desistiu com inveja. Houve uma mesa comemorando aniversário, outro grupo fazendo amigo secreto, casal fazendo declaração pública de amor através de poemas do varal. E assim foi até perto da meia-noite, quando terminamos o sarau. Um evento agradável, com uma atmosfera leve, fruto da mistura gente legal e poesia. A madrugada manteve o bate-papo, que estava intenso quando recebemos a visita da chuva, surgindo para embeber o espírito poético que pairava em cada um dos presentes. Voltei para casa com a alma lavada e enxaguada, como dizia Odorico Paraguaçu, mas impregnada de poesia e felicidade.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Hoje a noite promete

Hoje a noite promete bons fluidos em Maceió. Além do nosso sarau de
confraternização do Papel no Varal, que começa às 20h30 e não tem hora pra acabar, no Delícia das Águas, com entrada franca,

(Mapa:
http://maps.google.com/maps/ms?ie=UTF8&hl=en&msa=0&msid=1139506799856...)

teremos dois eventos que gostaria de estar presente:

Meu Karaokê Live PA. Cris Braun (cantora e compositora) vai cantar, tocar
carron e ler textos, “algo entre discotecar, assoviar e comer farinha ao
mesmo tempo”, 21h, no Bella Gula. R$ 10. Cris Braun é sempre um show.
Qualidade garantida.

Coletivo Frente e Verso - Poesia em ritmo. O coletivo frente e verso cria
melodias e cadências as poesias próprias do coletivo e de poetas como
Florbela Espanca e Fernando Pessoa. Nesta ocasião, o coletivo recitará
poemas de Nilton Resende, 19h30, no Teatro de Arena, R$ 5,00.

Façam suas escolhas e aproveitem a noite.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Ousadia com gosto de pipoca


Quando o Marcão me enviou um email perguntando “Vamos ousar? Que tal no próximo Corujão Sesi contarmos com o Papel no Varal?”, não hesitei: – Vamos ousar. É bem verdade que tive receio de que poesia numa programação para cinéfilos poderia não funcionar. O Papel no Varal depende da participação do público. E se não rolasse? Uma hora da manhã (!), o pessoal esperando o próximo filme...

Chegou o sábado, 12/12, e perto da meia-noite entrei na Galeria que leva ao Cine Sesi carregando três poemas que havia traduzido na noite anterior e introduziria no varal para fazermos um jogo de pergunta e resposta valendo entradas para filmes da programação normal do Cinema. Seria uma novidade no Projeto. Danielle estava acabando de pendurar os poemas no varal. Sim, o varal havia sido colocado por Taísa e sua equipe em menos de 15 minutos no final da tarde. Um recorde. E eu que estava preocupado com isto, pois havia uma série de restrições em função da arquitetura do local. No final, achei que foi a melhor disposição do varal de todas as edições do Projeto. Quem disse que rapidez e qualidade não combinam?

Pouco depois de uma da madrugada, comecei o sarau convidando o poeta Tchello d’Barros para recitar Go Back, do Toquato Neto (aquele poema que começa com “você me chama, eu quero ir pro cinema” e diz, lá pelas tantas, “só quero saber do que pode dar certo, não tenho tempo a perder”). A noite deu certo. Foi uma hora de poesia entremeada por poucos comentários e algumas perguntas. Depois que li Funeral Blues (WH Auden), perguntei em qual filme aconteceu e o Tchello não vacilou em responder “Quatro casamentos e um funeral”. Dois tíquetes. Li mais dois poemas que haviam sido declamados pela Cameron Diaz no filme “Em seu lugar”: Eu trago seu coração comigo (EE Cummings) e Uma arte (Elisabeth Bishop). Ninguém acertou o filme, mas um rapaz (que não sei o nome) sabia a declamadora e levou mais duas entradas. A outra pergunta ninguém chegou perto e vai rolar no próximo varal, nesta quinta, 17/12, no Delícia das águas, valendo mais dois ingressos para o Cine Sesi.

Vários declamadores se alternaram no palco, carinhosamente decorado pela equipe do Cine Sesi. Destaque para Igor, que, provavelmente sem conhecer, parafraseou o ausente Allan (ver crônica em http://cacosinconexos.blogspot.com/2009/07/papel-no-varal-em-noite-de-chuva.html ) afirmando após a enésima declamação: “Isto vicia”.

A poesia trocou de boca várias vezes e Fernando Pessoa, Chico Doido do Caicó, Charles Bukowski, Nilton Resende, Trilussa, Fernando Fiúza e Vinicius, dentre outros, reverberaram seus versos nas paredes especulares do saguão do Espaço Cultural Sesi.

O sarau terminou às duas com o início do filme (500) Dias com Ela e a chegada de Malu, que pela primeira não declamou no Papel no Varal, mas ao menos bateu o ponto.

Não consegui ficar para os filmes seguintes, para o show da Banda Basttian, nem para o convidativo café da manhã, mas sei que a maioria ficou. Trouxe comigo um sabor de poesia com pipoca e uma vontade de voltar outro dia para assistir o Corujão do início ao fim e, depois do café, tomar um banho no mar da Pajuçara como muitas vezes fiz em uma infância distante, mas que não quer calar.

Pra comemorar com/a poesia


Papel no Varal realiza último sarau de 2009; evento acontece quinta-feira, 17 de dezembro, às 20h30

Para encerrar o ano no clima de confraternização com a poesia, o projeto Papel no Varal realiza a sua 8ª edição no dia 17 de dezembro, às 20h30, no bar e restaurante Delícia das Águas. (Reservas de mesa pelo telefone 8872.1705 ou pelo e-mail papelnovaral@gmail.com).

A simplicidade do acesso aos versos e o fascínio pela poesia leva o projeto Papel no Varal a reunir declamadores e ouvintes, que circulam pelos cem poemas pré-selecionados e impressos em folha A4, dispostos num varal de sisal, com pegadores rústicos de madeira. Com as intervenções poéticas do idealizador do projeto Ricardo Cabús, os transeuntes podem ler/interpretar quaisquer poemas do varal, desde que não seja o seu e nem sejam em seqüência.

O último sarau de 2009 vai contar com a participação musical de Fernando Marcelo, que acontece no intervalo do evento e promete fechar à noite com a participação de músicos convidados. Para quem quer garantir poesia na volta a casa, pode aproveitar para conferir a banca de livros com exemplares de escritores alagoanos.

Papel no Varal

O formato de evento iniciou em março de 2009, em Maceió, a partir do lançamento do Programa Minuto de Poesia, que foi criado por Ricardo Cabús, idealizador do projeto, e está no ar na Rádio Educativa FM, 107.7MHz, em Maceió-AL. Desde então já foram realizados sete saraus e há diversos agendados para o próximo ano.

SERVIÇO

Papel no Varal

Dia: Quinta-feira, 17 de dezembro

Horário: 20h30

Local: Delícia das Águas

Av. Com. Gustavo Paiva, 230 – Cruz das Almas (Próximo à Fits)

Entrada gratuita (Reserva de mesas: 8872.1705)

Coordenação: Ricardo Cabús
Informações/Comentários:

http://cacosinconexos.blogspot.com / papelnovaral@gmail.com

Apoio: Fundação Municipal de Ação Cultural da Prefeitura de Maceió e Instituto Zumbi dos Palmares / Rádio Educativa FM


Tayra de Macedo coordena exposição "Traçados – a poética do olhar"

Casa da Arte convida para exposição Traçados – a poética do olhar, na próxima sexta-feira, dia 18, a partir das 6 da noite


Buscando integrar à comunidade de crianças de Garça Torta, Riacho Doce, Guaxuma e adjacências, ao mundo da arte e da educação através da pintura, esculturas, fotografias e reciclagem de materiais, a Casa da Arte está promovendo a exposição Traçados – a poética do olhar; onde serão mostrados resultados surpreendentes.

A produção artística do núcleo de Artes Visuais gerou acervo digno de atenção por parte de artistas e educadores em diversas áreas do conhecimento humano, não só pela beleza e seriedade dos temas abordados, mas também pelo conteúdo artístico, dignos de serem vistos por qualquer público.

Traçados – a poética do olhar resulta de um ano de atividades do núcleo de artes visuais com crianças de 5 à 16 anos. Dispostas entre os quatro cômodos da galeria estão Roda-pé (colagem e palavras), Vira-latas (relembrando as brincadeiras da infância, latas são utilizadas como luminárias), Destelhados (cacos de telha são usados como tela para pintura) e Deu no jornal (crianças fazem auto-retrato em folha de jornal).

O núcleo de música, comandado pelo maestro Juca, apresentará a banda Grilos da Garça tocando o barroco nordestino, o erudito e o popular brasileiro. Será uma homenagem à Villa Lobos. Contaremos também com a apresentação do Coletivo Frente&Verso que confere em seu repertório a musicalização de poemas.

Nesta noite, a Casa da Arte também promoverá o lançamento do livro História de uma casa – o abrigo de todas as artes que conta a trajetória dos 24 anos da Casa da Arte.

A exposição vai até 29 de janeiro e estará aberta ao público de segunda à sexta, das 14 às 18hs.



Mais informações, estamos aqui:


Ponto de Cultura Casa da Arte – Projeto Poleiro dos Anjos

Rua São Pedro, 185 – Garça Torta

Fone: 55 (82) 3355-1149

casadaarteal@yahoo.com.br

Voltando depois de um hiato

Pessoal,

Vamos voltar a atualizar o nosso blog, depois de um hiato chato mas necessário.