Quando o Marcão me enviou um email perguntando “Vamos ousar? Que tal no próximo Corujão Sesi contarmos com o Papel no Varal?”, não hesitei: – Vamos ousar. É bem verdade que tive receio de que poesia numa programação para cinéfilos poderia não funcionar. O Papel no Varal depende da participação do público. E se não rolasse? Uma hora da manhã (!), o pessoal esperando o próximo filme...
Chegou o sábado, 12/12, e perto da meia-noite entrei na Galeria que leva ao Cine Sesi carregando três poemas que havia traduzido na noite anterior e introduziria no varal para fazermos um jogo de pergunta e resposta valendo entradas para filmes da programação normal do Cinema. Seria uma novidade no Projeto. Danielle estava acabando de pendurar os poemas no varal. Sim, o varal havia sido colocado por Taísa e sua equipe em menos de 15 minutos no final da tarde. Um recorde. E eu que estava preocupado com isto, pois havia uma série de restrições em função da arquitetura do local. No final, achei que foi a melhor disposição do varal de todas as edições do Projeto. Quem disse que rapidez e qualidade não combinam?
Pouco depois de uma da madrugada, comecei o sarau convidando o poeta Tchello d’Barros para recitar Go Back, do Toquato Neto (aquele poema que começa com “você me chama, eu quero ir pro cinema” e diz, lá pelas tantas, “só quero saber do que pode dar certo, não tenho tempo a perder”). A noite deu certo. Foi uma hora de poesia entremeada por poucos comentários e algumas perguntas. Depois que li Funeral Blues (WH Auden), perguntei em qual filme aconteceu e o Tchello não vacilou em responder “Quatro casamentos e um funeral”. Dois tíquetes. Li mais dois poemas que haviam sido declamados pela Cameron Diaz no filme “Em seu lugar”: Eu trago seu coração comigo (EE Cummings) e Uma arte (Elisabeth Bishop). Ninguém acertou o filme, mas um rapaz (que não sei o nome) sabia a declamadora e levou mais duas entradas. A outra pergunta ninguém chegou perto e vai rolar no próximo varal, nesta quinta, 17/12, no Delícia das águas, valendo mais dois ingressos para o Cine Sesi.
Vários declamadores se alternaram no palco, carinhosamente decorado pela equipe do Cine Sesi. Destaque para Igor, que, provavelmente sem conhecer, parafraseou o ausente Allan (ver crônica em http://cacosinconexos.blogspot.com/2009/07/papel-no-varal-em-noite-de-chuva.html ) afirmando após a enésima declamação: “Isto vicia”.
A poesia trocou de boca várias vezes e Fernando Pessoa, Chico Doido do Caicó, Charles Bukowski, Nilton Resende, Trilussa, Fernando Fiúza e Vinicius, dentre outros, reverberaram seus versos nas paredes especulares do saguão do Espaço Cultural Sesi.
O sarau terminou às duas com o início do filme (500) Dias com Ela e a chegada de Malu, que pela primeira não declamou no Papel no Varal, mas ao menos bateu o ponto.
Não consegui ficar para os filmes seguintes, para o show da Banda Basttian, nem para o convidativo café da manhã, mas sei que a maioria ficou. Trouxe comigo um sabor de poesia com pipoca e uma vontade de voltar outro dia para assistir o Corujão do início ao fim e, depois do café, tomar um banho no mar da Pajuçara como muitas vezes fiz em uma infância distante, mas que não quer calar.
Fiquei com água na boca. Encantada com a ousadia dos intrépidos realizadores do evento.Na próxima irei sem dúvida. Parabéns Ricardo e aos colaboradores do projeto que tem trazido a todos um pouco mais de suavidade às nossas vidas com a poesia.
ResponderExcluirAdorei o Poesia no Varal! Espero poder voltar na quinta. Muito divertido. Mais do que declamar, ver EM MACEIÓ gente escolhendo animada poemas para declamar foi um prazer a mais. Abraço!
ResponderExcluirPois é, Sérgio. Acho que sinto o mesmo que você cada vez que o evento acontece. Tenho muito orgulho ao ver como o público alagoano participa do evento. Aguardo você na quinta. Abraço.
ResponderExcluirParabens Ricardo, não pude ir por causa do aniversário do vila no theo brandão, mas adorei a idéia. bjs
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