segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Espraiado

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Espraiado
(Ricardo Cabús) 

Caminho a esmo
Uma lesma sobe trôpega
por pedras que contêm seu cheiro espessado
Espero deixando meu corpo
esparramar-se lentamente
no amarelo desbotado da relva
tostada pelo sol escaldante
Um cão esbaforido
escamoteia um brinquedo largado
por alguma criança desligada
O vento nordeste toca uma sinfonia
nas palhas estéreis de coqueiros anãos e viris
enquanto uma escultura fora de moda olha pra mim
esfaimada e bela
qual essa lembrança
que esvai suave ao cair da ampulheta