segunda-feira, 30 de julho de 2012

As rosas vermelhas


As rosas vermelhas 
(Lêdo Ivo)

Dar-lhe-ei rosas, somente rosas, apenas rosas
vermelhas. Nada mais suprirá o nosso velho amor
senão rosas purpúreas
como o longínquo gosto de sangue de seus lábios martirizados.
Pois entre os seios dela há lugar ainda para uma terceira flor
silenciosa de tanta inexcedível espera.

Tivesse o Rio milhões de rosas esta manhã
e todas, mesmo as entreabertas, seriam dela,
e em verdade seria muito pouco para tão grande sonho de rosas.

Outros darão à mulher amada ramalhetes de zínias,
petúnias, lírios, azaléias e outras flores afortunadas.
Eu darei apenas rosas, somente rosas rubras,
única e exclusivamente rosas escarlates.

Uma coisa é amar-se uma mulher. Outra, dar-lhe rosas
vermelhas. Uma coisa é o amor, outra é a homenagem
ao objeto desse amor que prescinde de rosas.

Urge porém ao amante ser coerente ao sonho de acrescentar o supérfluo ao necessário
e dar rosas – milhões de rosas – a uma mulher que perguntará
transtornada diante de inúmeras flores ao seu redor:

– Para que tantas rosas, tantas rosas vermelhas?

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