por
Ludmila Monteiro e Rafaela Albuquerque
Supervisão:
Jornalista Andréa Moreira
Fotos: Ascom – Instituto Lumeeiro
Criatividade: algo mais,
além de um legado imortal, une dois grandes expoentes que foram visitados pelo Em Maceió chove poesia, na noite da
segunda-feira, dia 27, no Maikai Choparia. A sutileza de Quintana e a
sofisticação de Piazzolla transportaram o público a um encontro inusitado e
envolvente nas interpretações, ao mesmo tempo fiéis e inovadoras, de Ricardo
Cabús, Bruno Palagani e Willbert Fialho.
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Ricardo Cabús deu voz à poesia de Mário Quintana,
o ‘poeta das coisas simples’ |
A escolha da poesia de Mário Quintana provou-se das mais
acertadas diante da casa cheia do Maikai - aproximadamente 250 pessoas
compareceram à choparia para prestigiar o espetáculo. Na voz de Cabús, a obra
do poeta que dizia escrever para ‘a Maria de Todo Dia’ e ‘o João Cara de Pão’
esbanjou simplicidade e alcançou os presentes instantaneamente.
Quintana escreveu poemas a respeito
de quase tudo: falou de amor com a delicadeza que lhe é peculiar, divagou sobre
a identidade que se forma desde a casa em que se nasce, refletiu sobre a vida e
a morte. Tudo isso temperado por um humor sagaz, que, com Ricardo Cabús
alternando as palavras do poeta com pequenos causos de sua vida, provocou
diversos momentos de riso na plateia.
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Roberto Sarmento (dir.) veio atraído pela obra de Piazzolla |
Ricardo Cabús deu voz à poesia de Mário
Quintana, o ‘poeta das coisas simples’
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Opiniões do público - O professor
universitário Roberto Sarmento confessou que a principal motivação para sua
presença no Piazzollando foi a obra
do compositor argentino, mas não deixou de citar a importância da combinação
com a poesia de Quintana. “Eu acho essa iniciativa de combinar poesia com a
música uma coisa muito boa... Ambas as artes são atraentes,” declarou.
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Roberto Sarmento (dir.) veio atraído pela obra de
Piazzolla
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A
música de Piazzolla foi a responsável por atrair um grande número dos
espectadores que lotaram o Maikai. Arrancou aplausos do público o tango em uma
nova cor, nas cordas do violão, do bandolim e da guitarra baiana, com a
interpretação dos virtuosos Willbert Fialho e Bruno Palagani.
Roberto Sarmento (dir.) veio atraído pela
obra de Piazzolla
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“Eu
gosto muito de Astor Piazzolla, e aqui a gente quase que não ouve,” comentou o
secretário adjunto de cultura do estado, Álvaro Otacílio Vasconcelos, presente
também como representante
da parceria entre o Instituto Lumeeiro e a Secretaria de Estado de Cultura
(Secult) – uma das responsáveis por fazer acontecer os eventos do projeto. “O
Cabús está sempre inovando e seria muito bom que outras pessoas também
fizessem, como ele, eventos assim, diferentes, para movimentar mais a cultura
alagoana,” acrescentou o secretário.
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Álvaro Otacílio Vasconcelos representou o apoio da Secult
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Lucas Almeida, estudante de jornalismo, compartilha esta
opinião. Ele considera o formato do Piazzollando
Quintana e outros projetos do Instituto Lumeeiro algo inédito no Nordeste e
no Brasil. “Dificilmente você encontra,” disse Lucas e concluiu: “Saber que em
Maceió existe, e que sempre que acontece, lota, é muito satisfatório.”
O
estudante de Letras Tiago Peres, que esteve presente no Bukowski Blues, evento anterior do mesmo projeto, repetiu a dose e
aprovou a interpretação dos artistas: “Eu notei uma intimidade bem maior do
Ricardo Cabús com os poemas, foi uma experiência mais catártica tanto pra ele quanto
pra gente.” Ele também considerou a música como “tocante e emocionante”,
elogiando a diversidade na interpretação de Patricia Hecktheuer e na atuação de
José Márcio Passos, que apresentou o poema Solau
à moda antiga.
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Patricia Hecktheuer: “Foi uma grande emoção”
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Álvaro Otacílio Vasconcelos representou o
apoio da Secult
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Convidada especial - Cabús convidou a
soprano gaúcha para participar do espetáculo, interpretando Balada para um louco, após encontrá-la
na rua e recordar sua admiração pelas obras de Quintana e Piazzolla. Patricia
Hecktheuer disse que a experiência foi uma grande emoção
e uma oportunidade de relembrar suas raízes. “Eles são muito talentosos,”
falou, referindo-se a Fialho e Palagani. “A gente ensaiou tão pouco, e eles
acompanharam... São pessoas muito sensíveis,” avaliou.
Patricia Hecktheuer: “Foi uma grande
emoção”
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Os
instrumentistas já haviam tido a experiência de tocar composições de Piazzolla,
porém esta foi a primeira vez em que Willbert Fialho e Bruno Palagani tocaram
um repertório tão extenso do argentino. “Foi um grande desafio” contou Bruno
Palagani, para quem a maior dificuldade foi fazer os arranjos para cordas a
partir dos originais, destinados ao bandoneón,
instrumento clássico do tango. “Mas foi muito gostoso”, resumiu Palagani,
recordando o processo em que ele e Fialho trabalharam para transpor os tons das
músicas de Piazzolla para os mais adequados aos seus instrumentos. Na opinião
do músico, esta foi uma experiência musicalmente enriquecedora para a dupla.
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Palagani (esq.) e Fialho (dir.) responderam com maestria
ao desafio de adaptar as obras do compositor argentino
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Palagani (esq.) e Fialho (dir.)
responderam com maestria ao desafio de adaptar as obras do compositor
argentino
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Piazzollando Quintana encerrou a
programação do projeto Em Maceió chove
poesia, que levou o público ao Maikai durante os meses de julho e agosto em
quatro noites muito agradáveis, plenas de boa poesia e música de qualidade, com
um público total girando em torno de 900 pessoas. O projeto foi uma realização
do Instituto Lumeeiro, com o apoio das farmácias Ao Pharmacêutico, da
Secretaria de Estado da Cultura (Secult), da Gama Engenharia de Recursos
Hídricos, da Braskem, do Armazém Guimarães, do Instituto do Meio Ambiente (IMA)
e do Instituto Zumbi dos Palmares.
Novos
eventos realizados pelo Instituto estão previstos para os meses de setembro,
outubro e novembro deste ano. Maiores detalhes serão divulgados em breve nos
seguintes endereços:
Twitter: @lumeeiro e @papelnovaral
Casa cheia no Maikai: mais de 250 pessoas
compareceram ao diálogo de poesia e música do Piazzollando Quinana
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Para receber e-mails do Instituto Lumeeiro,
acompanhar sua programação, ou outras informações: 8135.5990 e
contato@lumeeiro.org.
Foi, sem dúvida, uma noite muito agradável!
ResponderExcluirSem dúvida, noite cultural muito agradável!
ResponderExcluirEncontrar poesia e música em Maceió já é difícil. Encontrar Quintana e Piazzola juntos... era impossível... O Lumeeiro conseguiu. Obrigado pela noite de chuva... de poesia e música. Ademar Solon.
ResponderExcluirEncontrar poesia e música em Maceió já é difícil. Encontrar Quintana e Piazzola juntos... era impossível... O Lumeeiro conseguiu. Obrigado pela noite de chuva... de poesia e música. Ademar Solon.
ResponderExcluirInfelizmente esses eventos só acontecem nos grandes centros, deixando os amantes das pequenas cidades do interior alagoano com água na boca.
ResponderExcluirPela descrição, o evento deve ter sido bastante legal. Quem já leu Quintana deve imaginar o quanto foi satisfatório ouvi-lo entrelaçado a música.
Parabéns pelos organizadores do evento!