O sarau poético fez parte da
programação junina da Prefeitura: “De Jacinto a Tororó, São João é em Maceió” e
reuniu o maior público já alcançado pelo projeto.
Por
Nathalia Leal
Uma noite de lua cheia, repleta de cores, bandeirolas e
animação, marcou o I Arraial do Papel no Varal, nesse 25 de Junho. Ambientado
no Arraial Central da Prefeitura de Maceió, o sarau poético atraiu um público
extenso e heterogêneo – muitos foram os que estavam participando e lendo poesia
pela primeira vez, o que enriqueceu ainda mais a celebração.
A recepção foi feita pelo grupo de forró Mistura Fina,
que animou os presentes. Casais dançavam e rodopiavam próximos ao varal de
sisal. A performance de abertura do sarau foi feita pelo animado ator Paulo
Poeta, que leu uma poesia do alagoano Tonho Lambe-Sola, arrancando palmas e risos calorosos do público. Zabumba,
triângulo e sanfona do trio-pé-de-serra Os Mais Fortes do Forró introduziam a
chegada animada de cada pessoa que ia ao palco dizer poesia.
Presente pela primeira vez no Papel no Varal, a estudante
Karen Pimentel, 17, afirmou: “Estou gostando. É importante dar a oportunidade
de todo mundo se expressar, mesmo que através da palavra dos outros”. Laryssa
França, 21, leu Biu de Crisanto no palco e ressaltou a importância do evento:
“É um encontro de poesia, e isso é muito raro”.
A presença de Eliezer Setton deixou a noite ainda mais
calorosa e atraiu a atenção daqueles que passavam por perto: o músico, que
introduzia suas canções através de causos e cantou clássicos como “Coco 2000”, acabou
sua apresentação sendo aplaudido de pé. A Associação Alagoana de Ciclismo
também prestigiou o I Arraial do Papel no Varal, com direito a leitura de poema
no palco, com bicicleta e capacete.
Cantadas audaciosas enviadas pelo correio elegante, a
boneca de pano, o “troféu macaxeira” e a irreverente apresentação de Ricardo
Cabús aumentaram a dose de humor, já garantida pela seleção dos poemas matutos
de Xexéu Beleléu, Chico Doido do Caicó, entre outros. Houve também entrega de
brindes Ao Pharmacêutico àqueles que melhor entoavam os versos, como a jovem
Eduarda Leite, de 12 anos.
Outras pessoas também se aventuraram na leitura. É o caso
de Gerson Nunes Siqueira, de 55 anos: “Eu leio mal, gaguejando, mas vou ler. O
poema fala da história de onde eu ‘vim’, do sertão.” – afirmou, enquanto
esperava ansiosamente ser chamado ao palco.
Arriete Vilela, escritora e frequentadora assídua do
Papel no Varal, demonstrou sua admiração à continuidade do projeto e sua
capacidade de expansão: “É uma iniciativa que vem crescendo, e o melhor: saiu
de um círculo pequeno de escritores e leitores alagoanos e hoje está num
alcance popular. Gosto muito da ousadia do Ricardo Cabús”.
Apesar da seleção de poemas majoritariamente “matuta”, a
leitura dos versos de Manuel Bandeira em “O Trem de Ferro”, feita por José
Márcio Passos, arrancou aplausos – o ator também leu “O Gato do Vigário”, de
Lêdo Ivo, num clima de grande descontração. As interpretações cuidadosas de
Arilene de Castro e Demis Santana – com seu enfeitado chapéu de cangaceiro –
também foram de grande destaque. Chico de Assis fez duetos interpretativos com
Paulo Poeta, com direito a homenagem ao tradicional pastoril, coco de roda,
guerreiro e às nuances coloquiais nordestinas, no encerramento do sarau. Os
dois atores entoaram canções folclóricas e arriscaram uma paródia da típica
procissão interiorana, aproveitando a animação do público. “A festa acabou. Até
ano que vem, se ‘nós vivo for’!”, disparou Chico, em tom de brincadeira.
O evento encerrou-se ao som do trio Os Mais Fortes do
Forró, que tocou peças do repertório de Jacinto Silva e Tororó do Rojão, de
acordo com o tema escolhido pela Prefeitura de Maceió para os festejos juninos
de 2013. Apesar do clima de fim de festa, os casais continuavam sua dança
animada, ao som do forró.
O I Arraial do Papel no Varal superou as expectativas e recebeu
o maior público de todas as edições do projeto: ao todo, é possível estimar um
alcance de cerca de mil pessoas, dentre as que estavam de pé e outras que lotavam
as 600 cadeiras ou permaneciam assistindo o sarau por algum tempo. Celebrando a
rica cultura popular nordestina, o evento contou com uma atmosfera agradável e animada,
permeada por sorrisos, cores e poesias, numa noite bastante interativa.
Foi muito boa a programação.
ResponderExcluirAneilson
Foi Maravilhoso, gostei muito pois ajuda a incetivar ao jovens a participar de um evento cultural, como aconteceu com a Minha Filha Edaurda Leite, fiquei muito orgulhosa dela participado.
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