domingo, 16 de agosto de 2009

Anda chovendo e não por aí

Mais um livro de Sidney Wanderley circula pela cidade. Ainda em forma clandestina. Estava aguardando o lançamento para comentá-lo no Blog, mas como não há data prevista, não resisti. Já dizia Oscar Wilde, eu resisto a tudo, menos às tentações.
Chuva e não (2009, Ed. Catavento, 66p.) é um belo livro. Sidney, um Viçosense difícil de achar nos cantos, vai se espalhando por aí através de sua poesia, com chuva ou não.
Segundo o autor, o livro reúne o que suporta ler dos seus 33 anos de exercício literário. Acho um exagero desmedido, com perdão do pleonasmo, mas respeito. A seleção é bastante criteriosa e nos traz poemas que podemos considerar clássicos, pelo menos para a minha geração, como "Inequação", que não cansei de ouvir pela voz de Paulo Poeta em ene eventos do movimento estudantil ou popular dos anos 80. Mesmo assim, prefiro o poema que dá título ao livro, que só me chegou quando estava fazendo uma seleção para o Minuto de Poesia, da Educativa há alguns meses. Quando li, gostei de prima. Agora Sidney joga o poema Chuva e não (II), e - diferente das missões e retornos de Rambos e Jasons - o poeta transpõe-se ao largar a dor da rejeição feminina pela dor da intermitência do fazer poético.

A literatura alagoana dá mais um passo à frente. E para deixar um gostinho a mais do livro, corre abaixo “O rio interior”:

Também em mim corre um rio.
De rubras, espessas águas
por frágeis dutos.
Se essas águas desistirem da viagem,
uma grande sombra descerá sobre meus olhos:
não mais manhãs,
não mais amigos,
não mais poemas.

E eu, que tanto amei a solidão e o silêncio,
terei de provar que fiz por merecê-los
- quando o rubro rio estancar sua corrente
e este corpo for só notícia do ausente.

2 comentários:

  1. Ótimo saber que o poeta-maior da Viçosa voltou a atacar. Irei ao Varal desta terça para conferir a poesia do Sidney e dos novos poetas caetés.
    LEONARDO CALDAS

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  2. Lembro-me do Sidney através dos já clássicos "O baile" e "Inequação". É,
    sem dúvida, a mais significativa voz
    da poesia alagoana de 80 para cá.
    Até terça, no Varal.
    LU DAMASCENO

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